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Linhas de Resistência

Para a jornalista Élida Gomes, o bordado é mais que costura. Aliado ao feminismo, e à sua profissão, ele é luta

“A arte imita a vida ou a vida que imita a arte?” Seguindo qualquer uma das hipóteses, uma coisa é fato: os humanos, ao longo do tempo, costumam dar novos significados a coisas que já existem. Um dos exemplos é o bordado: quando ele se une ao feminismo, torna-se uma forma de resistência, em vez de uma tradição.

Élida, que aprendeu a bordar sozinha e que se interessou pelo bordado por causa do artista cearense Leonilson, diz que o bordado feminista veio para ajudar a derrubar essa carga opressora que essa forma de arte traz historicamente consigo. “Eu tanto desejo quanto acredito que o bordado deve deixar de ser feminino e se tornar feminista. Enquanto jornalista eu acredito na transformação do bordado em mídia empoderadora, deixando de ser apenas artesanato e se tornando também ferramenta de expressão e revolução feminina”.

Não se sabe ao certo quando o movimento começou, mas suas precursoras e todas as outras bordadeiras trazem em seus bordados temas como sexualidade feminina, gênero, liberdade, posição social, padrões de beleza, e várias outras temáticas feministas.Um bom exemplo dessa arte é a escritora iraniana Marjane Satrapi, autora do famoso livro Persépolis. A segunda obra de Marjane chama-se Bordados, e têm como tema as iranianas de sua família.

No Irã, a palavra bordado tanto é uma equivalente à nossa palavra brasileira “tricotar” (ou seja, fofocar) quanto se refere à cirurgia de reconstituição do hímen. E o patriarcado tanto nos diz que apenas mulheres fofocam, quanto nos faz acreditar que a perda da virgindade é algo vergonhoso.

O bordado feminista é apenas uma das várias formas de mudar a sociedade em que vivemos. O feminismo se espalha em tudo que conhecemos, mostrando ao mundo e ensinando a nós, mulheres, que somos livres para sermos quem e o que quisermos.

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